Por: Maria Luiza Guimarães | 27 de maio de 2025

Um vídeo com tom de alerta, denunciando suposta seca no Rio Mundaú, especialmente no trecho que corta o estado de Alagoas, viralizou no perfil de um usuário na rede social Kwai. Publicado em 13 de maio de 2025, o conteúdo rapidamente alcançou 31 mil visualizações e mais de 1.500 curtidas. Diante do impacto e da repercussão, nós, da Coar Notícias, decidimos realizar uma verificação das informações divulgadas no vídeo.
Níveis dos rios na Bacia do Mundaú e a ideia de seca
O vídeo afirma que em maio, sem especificar o ano dos dados divulgados, o Rio Mundaú em União dos Palmares chegou a apenas 115 centímetros, enquanto em Rio Largo o nível foi de 428 e em Santana do Mundaú, 175 centímetros. Esses números teriam sido usados para afirmar que a região enfrentava uma seca.
A Coar buscou os dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) e da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (Semarh) mais recentes de maio de 2025 e encontrou uma situação diferente. Em Rio Largo, o nível do rio chegou a 744 centímetros no dia 21 de maio, ultrapassando a cota de atenção, que é de 725. Em União dos Palmares, o nível estava em 320 centímetros, ainda abaixo da cota de atenção, mas subindo. Já em Santana do Mundaú, o nível marcava 301 centímetros, também acima da média, ainda que estável.
Ou seja, enquanto o vídeo sugere um cenário de estiagem, os dados atuais mostram que os rios da bacia do Mundaú estão em elevação e sob alerta para possíveis cheias, o que contradiz totalmente a narrativa de seca.
Chuvas em Alagoas durante o mês de maio
O vídeo também diz que maio foi quase sem chuvas em todo o estado, reforçando a ideia de seca. Apesar da afirmação não estar datada, ela foi divulgada em maio de 2025, o que pode confundir o público.
Os dados meteorológicos mostram que, em 2025, o cenário é de muita chuva. Só entre os dias 17 e 21 de maio, segundo o INMET, o município de Rio Largo registrou 418 milímetros de precipitação, quase três vezes a média histórica do mês, que é de 161 milímetros. Diversas cidades do estado estão sob alerta por causa do risco de alagamentos e transbordamento dos rios. Portanto, a alegação de que o estado enfrenta um período seco não corresponde ao que está acontecendo no presente.
Localização da nascente do Rio Mundaú
Segundo o vídeo, a nascente do Rio Mundaú fica no município de Correntes, em Pernambuco. No entanto, a informação correta, conforme pesquisas realizadas no Google Maps e Google Lens é que o rio nasce em Garanhuns, também em Pernambuco, no Planalto da Borborema. Correntes é apenas uma das cidades por onde o rio passa.
Histórico de enchentes na Zona da Mata alagoana
Neste ponto, o vídeo acerta ao afirmar que a Zona da Mata costuma receber chuvas regulares e intensas, provocando enchentes em municípios ribeirinhos ao longo do Rio Mundaú.
O histórico de grandes cheias na região é bem documentado. Enchentes expressivas ocorreram em 1914, 1941, 1969, 1989, 2000 e, principalmente, em 2010, quando a cheia devastou cidades como União dos Palmares, Santana do Mundaú e Rio Largo, causando perdas irreparáveis.