Arriégua! Em vídeo publicado na rede social Instagram, o vereador do Recife, Eduardo Moura (Partido Novo), fez uma denúncia mostrando várias latas de leite vencidas dentro do almoxarifado da prefeitura municipal. Na publicação ele apresenta a data de validade de uma das latas e o valor delas, e veicula o trecho de uma matéria jornalística publicada ano passado, que denuncia a falta de distribuição da fórmula láctea para diversas mães de crianças com APLV (Alergia à Proteína do Leite de Vaca). Já na descrição da postagem ele comenta que enquanto as famílias sofriam, a prefeitura desperdiçava, associando as duas informações mostradas.
Passo a passo
Presta atenção! O primeiro passo foi verificar a data em que a matéria sobre a falta de fórmula infantil em Recife (PE) foi ao ar. Ao pesquisar “Falta de fórmula para APLV em Recife (PE)” no Google, a equipe da COAR Notícias encontrou diversas publicações em redes sociais, mas apenas uma matéria em um veículo de comunicação, publicada no site do G1 e datada de 17 de julho de 2024.
No vídeo que cita a respectiva matéria, o vereador Eduardo mostra latas do produto com data de vencimento em 13 de maio de 2024, ou seja, quase dois meses antes da publicação da matéria.
O segundo passo foi realizar uma pesquisa a respeito do programa que beneficia essas famílias de baixa renda e se já houve queixas anteriores a respeito do seu funcionamento.
De acordo com a nossa apuração, a Prefeitura de Recife disponibiliza o benefício eventual de fornecimento de fórmulas lácteas para crianças de até 12 meses que não podem ser amamentadas, estão em risco nutricional e em situação de vulnerabilidade social, conforme informado no site Conecta Recife (https://conecta.recife.pe.gov.br/).
O primeiro registro em um veículo oficial da que apresentou queixas em relação ao programa foi publicado dia 28 de agosto de 2019 no (G1), e diz o seguinte: “A Justiça determinou o bloqueio de R$ 2,25 milhões das contas da prefeitura do Recife para comprar fórmulas lácteas para crianças com alergia à proteína do leite de vaca (APLV) e suplementos industrializados para pacientes que não conseguem deglutir. Segundo o Ministério Público de Pernambuco (MPPE), desde 2016, há denúncias de falta dos produtos nas farmácias”.
Diante dessas informações, pode-se concluir que a denúncia sobre a falta de fórmulas lácteas para crianças com APLV no Recife levanta um problema sério, mas os conteúdos analisados apresentam inconsistências temporais que precisam ser esclarecidas.
O vídeo do vereador Eduardo Moura induz a população recifense a interpretar de forma errada as informações apresentadas, sendo que quando faltava a fórmula láctea para as famílias em julho de 2024, as latas de leite já estavam vencidas, e portanto, impossibilitadas de serem distribuídas para a população de Recife. Ou seja, as duas informações associadas foram descontextualizadas.