Ói, presta atenção! A COAR Notícias checou um vídeo viral no Kwai, onde um homem – sem identificação- que afirma ter um filho matriculado em uma das escolas municipais de Juazeiro na Bahia alega que o “Marilu” de Eva Furnari adotado em escolas de Juazeiro na Bahia, traz instruções e norteamentos sobre ideologia de gênero para crianças a partir de sete anos de idade. O primeiro passo foi conferir o livro e sua descrição. Embora o usuário aponte que o livro seja focado na discussão sobre ideologia de gênero, a obra de Eva Furnari é didática e não tem quaisquer instruções sobre o assunto. Ou seja, a alegação do suposto pai é totalmente falsa.
Sobre a obra
O personagem principal da obra é a menina Marilu, que na história andava sempre aborrecida em seu mundo monótono e sem cor, até que, certo dia, viu uma garota carregando uma inacreditável lanterna multicolorida. “[…] a protagonista da obra encontrou os entusiasmados e desafinados Pimpolhos, que a desconcertaram com suas canções. Os Pimpolhos lhe revelaram que o problema não estava nas coisas, mas em sua maneira de olhar.”, cita a autora na obra.
Entrevista
Entrevistamos Marta Avancini, jornalista especializada em educação, direitos humanos, infância e adolescência, e que faz parte da Associação de Jornalistas de Educação (JEDUCA), para conversar a respeito do assunto. Avancini afirma que esse tipo de conteúdo gera desinformação e a crítica do pai sobre o livro parte de uma visão de mundo limitada e equivocada. “Análises como essas, para uma obra de arte ou um livro, não buscam identificar quem é o autor(a), quais trabalhos já foram feitos e seu papel na literatura infantil. Não buscam pesquisar sobre o que se trata esse gênero literário e a importância que tem para a sociedade”, explica.
A jornalista ainda discute que a escola precisa ser essa fonte de incentivo para as crianças conhecerem e explorarem todos os tipos de visão de mundo, para que ela possa ter um repertório cultural e social consolidado. Também reforça a união e parceria entre as escolas e famílias das crianças. “Um bom caminho e solução é buscar uma aproximação e um diálogo entre escola e família, principalmente de crianças pequenas, que terão a escola como primeiro espaço de socialização”, diz Marta.
Resposta da SEDUC
O vídeo foi publicado por um perfil de usuário no Kwai, que não é jornalista, mas é morador da região. Ao final do vídeo aparece uma nota da Secretaria Municipal de Educação de Juazeiro, informando que: “A Seduc esclarece que, na atual gestão, não houve aquisição de bens literários devido à grande quantidade de obras disponíveis nas unidades escolares. Todos os livros disponíveis, atualmente, nas escolas são provenientes do Governo Federal ou foram adquiridos em gestões anteriores”. Há quase quatro dias, a COAR Notícias entrou em contato com a Seduc para obter mais informações sobre a nota e o livro e nem o secretário ou a assessoria de comunicação do órgão entrou em contato.